domingo, 27 de dezembro de 2009

Monarquias Consentidas

Pedro D'Almeida e Maria Flores


Por entre brechas de noites despidas, rangidas pelos tremores frenéticos inconscientes de sentimentos camuflados, as suas formas impõem-se, firmes!
Julgam-se os demais, donos do trono da Flexibilidade e Coerência.
A eles, silenciosamente, aclamamos o seu verdadeiro título. Reis da Superficialidade.
As suas belas poltronas, dignas de verdadeiros "imortais honestos", ostentam o que de mais negro, superfulo e desprezível existe. Ai de alguém que os condene, que lhe aponte o dedo, que lhes retire tamanha evidência e estatuto. São Reis e Rainhas!
Não querereis vós, seguidores fiéis, ofendê-los por não trazerem rosas no seu regaço. Por mais espinhos que possam ferir apreciaremos, cinicamente, as suas pétalas de cores mortas e cheiro nauseabundo. Pois a eles, a sua verdade é absoluta, única e não se coloca à prova.

Music by Arbre Noir - Roam

sábado, 31 de outubro de 2009

The Magician





I´m alive.
I'm just playing dead.



Music By Stephen Warbeck - Dreams of Madeliene

*Photo produced by Alice atrás do Espelho

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Des-Objectivo

Ray Caesar - Monday's Child



Há coisas que não sei. Há coisas que prefiro nem saber, mantendo-me na ignorância indolor, ou na dolorida verdade escondida.
Mergulho no mundo da incoerência constante alimentada pelo conhecimento escuro e límpido.
Dou-me ao desconhecido das reformulações, ciente das consequências que emergem, abstractas, insolentes, talvez falsas num futuro vindouro mas objectivas e verídicas no momento em que se me apresentam.
Entrego o que não tenho agora e o que terei depois da exposição a que me proponho. O trabalho de casa do meu intelecto é fruto dos fungos que deixei crescer, das amarguras que colhi, preparei e comi.
Suave como o algodão, rugoso e seco como a cortiça, metal frio e doloroso como uma agulha.



Music by Mono -" The Kidnapper Bell"

terça-feira, 20 de outubro de 2009

√3D∪1/3 ≈ ∞







Equacionadamente pensando...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Desfragmentação

Sopra um vento frio no meu rosto quando abro a janela do carro. Uma brisa ligeira mas fresca, daquelas que se sentem quando vamos com a janela aberta já no final de uma tarde de Outono. Uma avenida cheia de movimentos, o zumbido de vozes e imagens desfocadas. Tanta coisa ecoa na minha cabeça central e na cabeça do meu coração uma depressão mostra sinais evidentes do quanto estou cansada, esgotada, gasta, vazia, suja, fraca e impotente.
Descubro, mais uma vez, que ainda tenho muito que penar, sozinha. E sinto inveja dos outros, por não ser uma daquelas pessoas a que os sentimentos e angústias não são tidos em conta de análise profunda do conhecimento do fracasso, do erro, do "o que é que correu mal aqui". Pergunto-me vezes sem conta o que é que correu mal, o porquê de tanto consumo destrutivo e corrosivo.
Preferia uma dor física, um braço partido, uma perna, um motivo válido para as minhas dores. Um analgésico e tudo passava.
Não há analgésicos para estas dores.
Entretanto, caio mais umas quantas vezes e o meu lado esquerdo parte mais umas vértebras e costelas.
Caminhando, lá vou coxa e aleijada.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ups!

Que tipo de galinha sou?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Pega Forçada


Febre. Dores. Suores. Quebras de tensão.
De farda colocada, ajeito a jaqueta num acto automático.
Passo as mãos pela cara e baixos os braços.
Abrem-se os portões e caminho em direcção à arena, de barrete na mão.
Sou o toureiro sem cavalo, o forcado, o cabo sem grupo.
À minha frente esperam-me vinte e sete touros, cada um pronto para me abarcar.
Liberto o meu suspiro e sigo em frente.
Pelo sim, pelo não, coloquei vaselina.
Mas vai doer na mesma.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

High Voltage

"One day i will clean my dust"

John Murphy - Helicopter Chase


*Photo produced by Alice atrás do Espelho

domingo, 13 de setembro de 2009

Ritual Descarnado

Eugenio Recuenco

Cores magnéticas pintam o meu rosto enquanto dedos incontrolados delineiam traços na minha pele como cicatrizes.
Fumos ofegantes e envolventes formam enigmáticas criaturas, seres, divindades e demónios em torno da minha sombra.
Sons estridentes riscam o padrão invisível. Olhos arregalados viciam o medo que se torna estático e assombrado.
Abro a boca e rasga-se uma nota muda que ensurdece os ouvidos.
O ritual recomeça... e nasce o ser que hoje me transformo.


Tyler Bates - Cursed By Beauty